domingo, 25 de março de 2012

Biografia

          Antônio Gonçalves da Silva, conhecido por Patativa do Assaré foi poeta, cantor, compositor e um grande improvisador cearence. Era o segundo filho de uma casal pobre que vivia da agricultura de subsistência em Assaré (um município do Ceará). Mesmo sendo muito novo, por conta de uma doença ficou cego de um olho. Era um filho exemplar, principalmente após a morte de seu pai que morera quando Patativa tinha oito anos de idade. Assim  o "poeta passarinho"  passou a ajudar sua família no cultivo de terras. A partir dos doze anos começou a fazer repentes e apresentar-se em festas e reuniões importantes. Aos vinte anos recebeu o pseudônimo de Patativa, por ser sua poesia comparável à beleza do canto da ave.
         Antônio participava do programa da Rádio Araripe para declamar seus poemas. Uma vez que José Arraes de Alencar ouvira seus poemas ficou admirado e correu para conheçe-lo (o poeta passarinho) e dar-lhe o apoio e o incentivo para a publicação de seu primeiro livro chamado Inspiração Nordestina, de 1956. Mais tarde o livro passou para uma segunda edição e sofreu alguns acréscimos tornando-se o título Cantos do Patativa (1967). Em 1970 é lançada nova coletânea de poemas, Patativa do Assaré: novos poemas comentados, e em 1978 foi lançado Cante lá que eu canto cá. Os outros dois livros, Ispinho e Fulô e Aqui tem coisa, foram lançados respectivamente nos anos de 1988 e 1994. Foi casado com Belinha, com quem teve nove filhos. Faleceu na mesma cidade onde nasceu.
         Ficou popular em toda nação brasileira adquirindo muitas homenagens, premiações e títulos. Dizia nunca ter buscado a fama e nunca teve a intenção de fazer profissão de seus versos. Nunca deixou de ser agricultor e de morar na mesma região onde se criou (CARIRI) no interior do Ceará. Seu trabalho ficou conhecido pela marcante característica da oralidade. Seus poemas eram feitos e guardados na memória, para depois serem recitados. Daí o impressionante poder de memória de Patativa, capaz de recitar qualquer um de seus poemas, mesmo após os noventa anos de idade.
         A transcrição de suas obras para livros perde boa parte da significação expressa por meios não-verbais (voz, entonação, pausas, ritmo, pigarro e a linguagem corporal através de expressões faciais, gestos) que realçam características expressas somente no ato performático (como ironia, veemência, hesitação, etc.). A complexidade da obra de Patativa é evidente também pela sua capacidade de criar versos tanto nos moldes camonianos (inclusive sonetos na forma clássica), como poesia de rima e métrica populares (por exemplo, a décima e a sextilha nordestina). Ele próprio diferenciava seus versos feitos em linguagem culta daqueles em linguagem do dia-a-dia (denominada por ele de poesia "matuta").

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